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''Ninguém pode salvar-se sozinho''

(1º de janeiro de 2023 – 56º Dia Mundial da Paz)


Publicado em 01 Janeiro de 2023
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Goiás, JANEIRO de 2023.

Queridos amigos e queridas amigas,

Estamos iniciando mais um ano civil, no qual, inseridos na sociedade, damos nossa contribuição com nosso trabalho. Os discípulos (as) de Jesus, estando no mundo, mas não sendo do mundo (cf. Jo 17, 16), são chamados a dar testemunho com um estilo de vida cristão, gritando o Evangelho com a vida.

Celebramos, no primeiro dia do ano, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, do Deus que se encarna na nossa história e se torna humano. Ela é nosso modelo de acolhimento e comprometimento com o projeto divino. Maria aceita o chamado de Deus e colabora com o seu projeto de salvação, mesmo que não entenda completamente os seus planos. Lucas destaca que ela guardava todos os fatos e meditava sobre eles no seu coração (Cf. Lc 2,19). Ao longo da vida, ela irá crescendo na compreensão desses mistérios. Ela é a mulher da escuta. Ouviu e acolheu o anúncio divino (Cf. Lc 1,26-38). Nela a Palavra se torna realidade, se encarna. Ela acolhe a vida divina. Como afirma o cardeal José Tolentino, a primeira lição que aprendemos com Maria é a hospitalidade para com a vida (Cf. Elogio da sede, p. 150). Sua vida está a serviço de um projeto maior, de uma vida maior (Ibidem, p. 151). Como Maria, a Igreja deve colocar-se como serva do Senhor e vencer a tentação da autorreferencialidade, pondo-se com coragem a serviço dos últimos, lavando seus pés (Cf. Tolentino, Elogio da Sede, p. 152). Ainda, conforme Tolentino, “a Igreja precisa, em cada tempo, aprender de Maria a compaixão, a ternura e o cuidado que a sede de cada ser humano inspira (Ibidem, p. 153). Conforme o papa Francisco, “há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto” (Evangelii Gaudium, n. 288).

Iniciamos o mês elevando nossa prece ao bom Deus pela paz mundial. Esse Dia Mundial da Paz, foi instituído pelo papa Paulo VI em 1968, propondo aos homens de boa vontade a oração pela paz; além disso, colocamos nas mãos de Deus o ano civil que iniciamos. A paz, na perspectiva bíblica é a plenitude dos dons divinos. Como afirma o papa Francisco, “a paz não é apenas ausência de guerra, “mas o empenho incansável - especialmente daqueles que ocupam cargo de maior responsabilidade - de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade de nossos irmãos, tantas vezes esquecida ou ignorada, para que possam sentir-se os principais protagonistas do destino da própria nação” (Fratelli Tutti, n. 233). É certo que as guerras são a face midiática mais perceptível da destruição da paz. A paz é fruto da justiça (Cf. Is 32,17). Como viver em paz desempregado, sem ter remuneração justa que possibilite viver com dignidade? Sem uma casa para morar, sem acesso a tratamento médico... a paz é destruída quando faltam os meios necessários para viver dignamente.

Na sua mensagem para este mundial da paz, o papa Francisco, partindo da constatação do transtorno causado na humanidade pela pandemia, lembra que ninguém se salva sozinho e convida-nos a recomeçarmos juntos, a partir da Covid-19. Ele propõe o questionamento sobre o que aprendemos com a pandemia; quais os novos caminhos devemos trilhar para romper as correntes dos nossos velhos hábitos; quais sinais de vida e esperança podemos cultivar para melhorar o nosso mundo (n. 03). O papa lamenta também a guerra na Ucrânia, que inclusive o fez derramar lágrimas em público. Diz que “esta guerra, juntamente com todos os outros conflitos espalhados pelo globo, representa uma derrota não apenas para as partes diretamente envolvidas, mas para a humanidade inteira. E enquanto para a Covid-19 se encontrou uma vacina, para a guerra ainda não foram encontradas soluções adequadas. Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provém de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado (n. 04). O papa nos exorta a mudar o coração, motivados pelo momento histórico, transformando nossos hábitos e superando a preocupação somente com os nossos espaços de interesses pessoais (n. 05).

Ano novo, vida nova! Convido você, querido amigo e querida amiga, a renovar a esperança neste ano que iniciamos, pois Deus caminha com o seu povo. Inspirado pela mensagem do papa Francisco, desejo que possamos caminhar juntos neste novo ano, valorizando as lições tiradas da história recente e, de mãos dadas, sendo artesãos da paz e construindo dia após dia, um ano feliz!

Com o meu abraço fraterno e votos de um feliz 2023, invoco a bênção especial para este ano:

“O Senhor te abençoe e te guarde!

O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!

O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz! ” (Nm 6,24-26).

 

+Dom Jeová Elias

Bispo Diocesano


Fonte: Diocese de Goiás