Bem-vindo à Diocese de Goiás
Goiás, ABRIL de 2023.
Prezados amigos,
Prezadas amigas,
Espero que vivenciem a alegria das festas pascais, revigorados pela preparação quaresmal!
Iniciamos o mês de abril mergulhando na riqueza e beleza da Semana Santa, neste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Recordamos e atualizamos, pessoal e comunitariamente, os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus, fonte de salvação, de graça e de vida! Na primeira semana, vivenciaremos a Páscoa, centro de todas as celebrações e razão de nossa fé: a salvação integral da pessoa que, participando da morte do Senhor, através do batismo, com Ele ressuscita. Nossa esperança é que todas as situações de morte presentes na humanidade sejam superadas e recebam a irradiante luz do Ressuscitado.
Durante o tempo pascal, associado à cruz e à ressurreição de Jesus, faremos memória do Dia dos Povos Indígenas, reconhecendo a importância do respeito aos povos originários, à sua cultura, identidade e direitos. Reconhecemos que carregaram duras cruzes e ainda carregam, sendo dizimados por causa da ganância das classes dominantes sobre suas terras e sobre as riquezas presentes em seus territórios. Sua população, segundo historiadores e pesquisadores sugerem, poderia ter chegado a 5 milhões de pessoas no período Pré-Colonial. Em 2010 esse número caiu para 896 mil pessoas e, atualmente, houve aumento para 1,4 milhão, conforme o censo 2022.[1] Além disso, foram-lhes impostos valores e crenças estrangeiras à base da violência e da opressão. Trazendo na memória esse dia, honramos nossos ancestrais e manifestamos a defesa de seus direitos à vida e à dignidade. Lembro também o assassinato do indígena Gaudino de Jesus dos Santos, conhecido como Galdino Pataxó, no dia 20 de abril de 1997, em Brasília. Galdino era um líder indígena do estado da Bahia, e estava em Brasília para participar de uma mobilização pela demarcação das terras indígenas. Na madrugada do dia 20 de abril, cinco jovens da classe média atearam fogo em Galdino, enquanto ele dormia em uma parada de ônibus. Sua morte é um símbolo e o grito de todas as outras mortes anônimas de indígenas de todas as tribos.
Os povos indígenas de nosso país permanecem em situação delicada de sobrevivência. A Campanha da Fraternidade 2023 leva-nos a refletir a situação de fome a que os povos Yanomami foram submetidos por causa do garimpo ilegal em suas terras, a omissão por parte do governo e das entidades que são responsáveis pela segurança e promoção da dignidade deles. De acordo com o relatório “Yanomami Sob Ataque”, de 2022,[2] o garimpo ilegal em suas terras cresceu 3.350%, de 2016 a 2020, revelando abandono e omissão do Estado. O Documento de Aparecida, em 2007, reconhecia que os povos indígenas eram “ameaçados em sua existência física, cultural e espiritual” (DAp n.90).[3] Diante dessa realidade, a Igreja afirma que a ressurreição de Jesus alcança também a realidade indígena e busca ser sinal de salvação dentre esses povos. É momento propício, “um „kairós?, para aprofundar o encontro com esses irmãos que reivindicam o reconhecimento pleno de seus direitos individuais e coletivos” (DAp n.91).[4] A vida nova do Ressuscitado faz-nos ter esperança na busca de soluções para melhores condições de vida para todos e todas.
No quarto domingo da Páscoa, dia 30 de abril, contemplamos Jesus, o Bom Pastor, aquele que cuida, conduz e salva as ovelhas. Nesse domingo celebramos o 60º dia mundial de oração pelas vocações. Como afirma o texto-base deste 3º Ano Vocacional, “na origem de toda genuína vocação, está um encontro decisivo com o Senhor, pois não basta ser informado do que os outros dizem, é preciso encontrá-lo e vislumbrá-lo nos caminhos da História” (n. 22). Toda vocação é con-vocação a caminhar juntos no seguimento de Jesus e no empenho pessoal e comunitário para manifestar a presença dele no mundo, sendo portadores de vida e esperança. Rezemos ao Senhor da messe para que desperte abundantes vocações na nossa Diocese: Leigas, religiosas, presbiterais... Também agradeçamos a Deus por aqueles e aquelas que disseram sim ao seu chamado entregando suas vidas a serviço da evangelização nesta Diocese.
Ao término do tempo quaresmal, agradeço a todos(as) fiéis diocesanos que compreenderam a importância dos gestos de solidariedade propostos pela Campanha da Fraternidade 2023 e que os praticaram de coração sincero e generoso. A Coleta Nacional de Solidariedade, arrecadada no Domingo de Ramos, será destinada ao Fundo Nacional de Solidariedade, administrado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, cujas informações sobre a futura aplicação desse valor estarão disponíveis em seu site eletrônico. Ressalte-se que a maior parte (60%) ficará em nossa Diocese para investir na missão da Pastoral da Criança, com o intuito de amenizar a fome de nossas crianças. Possamos também nós cumprir o mandamento de Jesus aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16), promovendo a cultura da partilha do que somos e temos.
Que a Páscoa do Senhor nos encha de alegria e nos anime a testemunhar a vitória do ressuscitado.
Recebam meu abraço fraterno e o desejo de uma feliz e abençoada Páscoa!
+Dom Jeová Elias
Bispo Diocesano
[1] Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/01/19/balanco-parcial-do-censo-mostra-aumentoda-populacao-indigena.ghtml. Acesso em: 28 mar. 2023.
[3] CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO E DO CARIBE, V, 2007, Aparecida. Documento de Aparecida: texto conclusivo. 7. ed. Brasília: CNBB, 2008. p. 48: DAp. 90.
[4] CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO E CARIBE, V, 2007, p. 49.
Fonte: Diocese de Goiás